O ROSTO E
A MÁSCARA (II)
SETEMBRO
DE 2025
Desde lá as fontes de (des)informação se
multiplicaram para além dos jornais daquela época. São tempos de internet, de mundo digital, de redes sociais, de Inteligência Artificial.
É preciso vontade, persistência e competência para comunicar os fatos como eles
são, quase um movimento de resistência ao trato manipulador da realidade com que tem sido
usados.
É uma questão política por excelência. Quando tudo parece inalcançável, resistência são escolhas e habilidades para quem sabe o rumo e o mantém, apesar do vento contra ou dos ciclones cada vez mais fortes e mais frequentes como em São Paulo neste setembro, ou os daqui desde 2006. O subproduto da maquiavem e da manipulação chega às relações privadas, com uma verdadeira epidemia de violência doméstica e feminicídios cometidos por parceiro com compulsão à posse. Nas relações políticas a compulsão à posse explica a epidemia de corrupção que corrói o tecido social sadio que foi sendo cuidadosamente criado no tempo.
Lembro de
fato acontecido durante a hiperinflação dos anos 1980. Como todos sabemos,
inflação é arma poderosa contra os mais pobres. Como candidata ao governo disse em entrevista quando perguntada como cumprir suas promessas: é preciso planejar, planejar é
lançar luz sobre o futuro. O jornalista, de nome feito em grande mídia a
quem servia, publicou crítica enviesada, carregada de preconceitos e intenções.
A crítica que fez não foi sobre o significado da expressão, e sim adjetivando quem a
criou. Com o tom debochado e arrogante dos que nada criam decretou: “ela não é
política”.
Para ele
e muitos, ser político é mentir sobre um futuro desejado, manipulando mentes e corações com promessas que não serão cumpridas. É o caso comum na
elaboração dos orçamentos públicos, por exemplo. Orçamentos públicos podem ser uma
ferramenta básica para se chegar ao futuro desejado em pacto
de transparência entre quem propõe, e vai gerir, e quem será beneficiado por sua aplicação. São políticos que se apresentam não como salvadores
da pátria criando ilusões, mas políticos com P minúsculo. Ilusionistas e salvadores da pátria têm como principal
ferramenta, e única, a propaganda. Nela, as ações são jogadas de
marketing, usuais, vazias. Só que propaganda é mais do que isso.
A Política também pode ser mais, mas para isso é preciso resistir à manipulação, denunciá-la, e conquistar o futuro desejado através de um processo único, democrático. Política com P maiúsculo. Foi o que fez o saudoso Bernardo de Souza ao criar e instituir em Pelotas o Orçamento Participativo (citado em A Força do Povo, de Márcio Moreira Alves, 1980 – Figura 1).
Figura 1: Moreira
Alves
Bernardo
de Souza fundou
o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), em Pelotas,
pelo qual se elegeu vereador. No Executivo, comandou a Procuradoria-Geral do
Município. Em 1982, foi eleito prefeito de Pelotas pela primeira vez. Saneou as finanças
públicas, mas a principal marca de sua administração foi a participação
popular. Em seu governo, ocorreu a primeira experiência brasileira de orçamento participativo. (Wikipedia)
Bernardo
de Souza jogou luz sobre o futuro desejado permitindo e estimulando a participação
popular na peça orçamentária do município. Criou o Orçamento Participativo.
Pactuou pela maioria do voto livre. Já outros o usam apenas como título,
manipulando para o resultado que eles próprios desejam, assim tomando
posse privada dos recursos públicos.
Posse. No mundo das relações privadas o amor sufocado
pela violência se reproduz como vírus, que se alimenta do outro. No mundo das
relações políticas os tiranos, por mecanismos de corrupção e do uso da
força, ocupam territórios buscando construir impérios.
Esse é um
sintoma, dentre outros, de adoecimento das sociedades onde a liberdade e o
respeito são sufocados. Seguem latentes como valores fundamentais para a realização do homem e da sociedade, guiando o barco apesar do vento contra. Vai passar. É por isso, porque nunca morrem, que se
resiste.
Fala tão necessária em tempos de tantas máscaras, em que se pleitea à todo custo alcançar seu intento, inclusive através das mentiras (fake news). Adoro esse blog....
ResponderExcluirAbraço!
ExcluirAbraço.
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