UM ECONOMISTA ESCREVE UMA BREVE HISTÓRIA DA INTELIGÊNCIA

Diário de Viagem (2): crônica em tributo a Craig Foster e seu Professor Polvo (Documentário NetFlix, 2020)

 Porto Alegre, 25 de outubro de 2025

O que é em História é breve? Bem, o tempo é relativo (Figura 2). Aliás, tudo é relativo, como me disse meu examinador na prova oral do vestibular da USP em 1962: você só conhece comparando. Levei como uma sugestão para aprender na faculdade onde queria estudar Economia.

De lá para cá minha vida foi acontecendo. Mais de 60 anos depois daquela prova oral já existe, mandando-nos as imagens que capta, o telescópio espacial James Webb (Figura 1). Através dessas imagens é como se estivéssemos a bordo viajando na sua jornada real pelo profundo silêncio do universo. Vendo. Fruto da inteligência humana, o Jaiminho da doutora Roberta Duarte (@import_robs) foi lançado no Natal de 2021 depois de 10 anos de trabalho conectando centenas de cérebros e mãos na sua fabricação. Que fenômeno. Está revolucionando os conceitos sobre a formação das coisas.

                                           Figura 1: Telescópio James Webb   

                                                      Figura 2: O Tempo

É breve história sim se considerarmos que a inteligência, assim como a conhecemos, tem apenas a idade da Terra, pequeno planeta e único detentor da vida dentre os trilhões de sistemas de estrelas e planetas existentes, formados da poeira cósmica em eterna reciclagem. Galáxias, estrelas, planetas, nascem e acabam, deixando a poeira do que foram e vão formar outras. Cada grão é detentor de todas as informações do universo. Como nós. Que nos digam os fósseis...

Leio com encantadora facilidade o livro que dá título a esta crônica. Foi escrito por Max S. Bennett, economista especialista em Inteligência Artificial, e publicado em 2023. Bennett, em linguagem direta de economista, liga neurociência e inteligência artificial. Sua linguagem nos aproximou, mais do que a de alguns predecessores nas minhas leituras sobre esses campos de desenvolvimento muito recente (Figura 3). No livro ele propõe fazer uma reengenharia reversa através dos 5 saltos da Humanidade na evolução da inteligência. Ele ressalta com vigor: cada um desses avanços foi dado em períodos de dificuldade extrema. Sigamos.

Uma imagem contendo Texto

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   Figura 3: Bennett e predecessores

Tive, na minha jornada pessoal, períodos de intensa dificuldade, e correspondente evolução. Um foi o período de governo (2007/2010) que me foi permitido assumir graças à "poeira cósmica" formada pelos 3 377 987 votos na eleição de 2006. Em 2011, quando terminou, eu já havia vivido quase 7 décadas no mundo lá de fora, o mundo de todos, o macro, o coletivo. Aí foi preciso buscar conhecer como o mundo aqui de dentro funcionava para recuperar a qualidade de vida com que havia sido abençoada até então, e que havia sofrido o desgaste pelo tiroteio da política de então. A boa saúde de esportista permitiu-me dar dedicação integral àquele aprendizado. Dizia meu clínico geral e cardiologista ao analisar cada check-up realizado: “os teus são marcadores ótimos, são de jovem adulta”. Que bom. Porque cada junta "rangia". Precisava entender os sinais do corpo. Conhecê-lo. Micro.

Sou economista a quem a macroeconomia, com seus modelos e suas políticas públicas, sempre encantaram. Pude praticá-las, e realmente os indicadores sociais e econômicos melhoraram muito durante nosso período de governo. Com as contas ajustadas e as políticas corretas praticadas, como a da irrigação, voltamos a crescer: 10% do PIB em 2010. Livre da responsabilidade, felizmente bem concretizada com uma equipe como a do James Webb, iniciei em 2011 um ciclo de viagens pessoais pelo mundo. Deo gracias.

Tenho percorrido em rica busca saber o que é e como funciona o meu próprio corpo, e meu cérebro - essa maravilha da natureza e da evolução, a partir dos estímulos recebidos do mundo lá de fora. A falta de mobilidade forçada pela pandemia de 2020 mudou o cenário global. Assumi em 2018 a responsabilidade de capacitar 10 mil mulheres pelo Brasil profundo para enfrentar as inovadoras eleições, pela primeira vez sem campanhas de rua. Criei uma plataforma digital como ferramenta de comunicação, estímulo, debates e capacitação. Decolamos como foguetes pela Plataforma Digital PSDB-Mulher. Deu certo. Elegemos muitas, muitas mais do que em eleições anteriores, em caminho inverso ao dos candidatos homens.   

Volto a 2025. Quase voltamos à mobilidade pré-pandemia. Quase, pois não se voltará ao que era porque o mundo mudou. A tecnologia está mudando tudo, do mercado de trabalho ao atendimento à saúde, do ensino às comuniacções, da política à convivência comunitária. Imediatamente após a pandemia, as enchentes de 2023 e 2024 transformaram o cenário gaúcho em que vivo. Há um imenso esforço coletivo, consciente, voltado à reconstrução do estado, à mobilidade e à recuperação da qualidade de vida perdidas. Não bastando isso, aprofunda-se a realidade de um mundo de extremos, que ergue novos muros físicos em velhas guerras renovadas, impondo limites à livre expressão via censura.

São novos desafios. Viajando se enfrenta. Sigam (crônica de 08 de novembro Notas: Roteiro para uma Viagem no Tempo) a viagem sugerida por Bennett.

 

Comentários

  1. Renovação com equilubrio aproveitando um pouco de introspecção que a pandemia impos com novos experimentos aliados a novas aprendizagens que renovam pensamentos atraves de experimentos produzidos por essas novas formas de conhecimento

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    1. Renovar. Andar pra a frente, sempre, registrando os passos. É um aprendizado contínuo.

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