SE SÃO TEMPOS DE GUERRA...

Setembro 2025

“Se lembro tempos de quebra, a vida volta prá trás”

Acordei neste 7 de setembro, dia da Independência, com essa estrofe de Veterano na cabeça. Nossa independência do reino de Portugal foi feita por decreto, sem guerra. Para hoje estão sendo esperados de um lado os tradicionais desfiles militares, e de outro grandes manifestações por todo o país com bandeiras verde-amarelo nos 24 estados. É véspera do julgamento de Bolsonaro num processo de "tentativa de golpe" sem armas no 8 de janeiro de 2023. Ninguém morreu. Acusados diretamente pelo STF, já há centenas de manifestantes do 8 de janeiro nas prisões mesmo antes de serem acusados ou julgados.

Levantei adaptando o verso:   “se lembro tempos de guerra”, pois vários deles seguem ainda hoje provocam milhares de mortos pelo mundo, enquanto poderosos e seus séquitos brincam de reis. Tristes são os tempos de guerra.

Setembro é também Mês Farroupilha. Celebra-se no dia 20 a Revolução Farroupilha (1835/1845), data símbolo da identidade do povo gaúcho. Vão sendo levadas até a capital, a cavalo (Figura 1), a chama crioula e as bandeiras hasteadas (Figura 3). Durante todo o mês, todos os dias, em todo o estado, é festa. Acampamentos, desfiles temáticos, churrascos, CTGs recebendo para almoço e janta, para declamar poesias, cantar e dançar danças tradicionais. Mês de vestir os trajes considerados de gala oficial por lei, e de cantar o Hino Riograndense abrindo e fechando cada dia e cada evento. É o orgulho da identidade e de sua história, ano após ano. Se a celebração dos santos se faz em todo o Brasil durante as Festas Juninas, a celebração da Revolução Farroupilha se faz aqui em setembro e em todos os cantos do mundo onde exista um CTG.

Uma imagem contendo Mapa

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                 Figura 1: Cavalgada Gaúcha       Figura 2: Palco de Califórnia

Brasão do Rio Grande do Sul que faz diversas referências à Guerra dos Farrapos.

  Figura 3 – Brazão do RS

A música como Veterano revelam verdadeiras joias, celebrando as tradições. O chamamé dos versos de Antonio Augusto e música de Ewerton Ferreira, escrita em 1980 foi apresentada por Leopoldo Rassier com o grupo Os Serranos, e foi vencedora da 10ª Califórnia da Canção de Uruguaiana. Os versos contam dos hábitos da fronteira em linguagem própria: o homem e o cavalo, o tempo - que passa sem ser percebido até os tempos de quebra, quando o corpo se sente mudado - e o vento frio, amansado pelo calor do chimarrão, como contado na trilogia escrita entre 1949 e 1961 por Érico Veríssimo O Tempo e o Vento.

Calha de a Independência ser celebrada no mesmo mês da Revolução Farroupilha. e há uma saudável disputa entre a data nacional e a data estadual. Na abertura dos eventos se canta mais alto o Hino Brasileiro ou o Hino Riograndense, e ao acompanhar os eventos, não resta dúvida. Como não resta dúvida de que são tempos difíceis como foram aqueles de guerras e revoluções dos séculos passados. Fica ainda uma dúvida sobre se aprendemos algo com elas para que não se repitam. Se lembro tempos de guerra...


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