VAI PASSAR
25 de outubro de 2025
Figura 1 – Império
Figura 2 – Velho Chico
A novela Império ganhou o Emmy Internacional de Melhor Novela de 2014. A novela Velho Chico ficou marcada por duas perdas: os atores Umberto Magnani (Padre Romão) e Domingos Montagner (Santo dos Anjos). A perda trágica de Domingos Montagner, tragado após os últimos capítulos gravados pelas águas que eram a cenário principal, foi chocante. A música genial Vai Passar de Chico Buarque faz uma crítica veemente ao período colonial brasileiro, desde o período do “descobrimento” até a ditadura militar em 1984. (letrasehumanidades2011.blogspot.com).
A novela Velho Chico (2016) foi contemporânea das Olimpíadas no Brasil, que se seguiram ao desastre da Copa do Mundo de 2014, e contemporânea das gigantescas manifestações de praça que ajudaram a derrubar o governo Dilma que havia trazido de volta a inflação, a recessão, e os escândalos bilionários.
As novas redes sociais entravam permitindo uma liberdade de expressão também nova, junto aos muitos streamings, como a Netflix, uma profusão de canais a cabo, todos oferecendo alternativas às novelas, mas não substituindo-as. O lugar fixo, como o sofá, cedeu lugar ao celular individual, com todas as alternativas podendo ser acessadas em qualquer lugar. Mas mudou a sensação de liberdade que as redes sociais ofereciam, e muita coisa mais. Cito aqui dois livros que tratam disso.
Liberdade. Ela sempre irritou os poderosos. Sentindo-se confrontados, contra atacam. Entre o cálice e a espada, assim balança a Humanidade, fadada a repetir os mesmos erros. (O Cálide e a Estada: Nosso Passado, Nosso Futuro, Riane T. Eisler, 1987).
O livro resulta de pesquisa sobre as evidências arqueológicas e históricas que provam ter havido em passado distante sociedades pacíficas e igualitárias organizadas em torno da cooperação e do respeito. A autora (...) aponta o caminho de futuro viável, para convívio de forma mais saudável e respeitosa, alinhando escolhas com valores de parceria, cuidado amoroso, inclusão e sustentabilidade. (palasathena.org.br)
Garantida a liberdade, ninguém obriga ninguém a calar nem escolhe o que podem ler. Estou colada ao livro do David Coimbra, que nos deixou tão cedo (2022). O capítulo 11 de seu livro Uma História do Mundo (2012) é um deleite.
"Os egípcios não viveram uma vida muito
diferente da sua. Verdade, não havia trens, carros, telefones celulares,
televisores e geladeiras, nada disso. Mas eles já tinham dado a partida na
máquina da civilização. Tudo isso era uma questão de tempo."
Tudo é uma questão de tempo, David. Este milênio, que começou com muitas esperanças, foi sacudido com pela derrubada das Torres Gêmeas de Nova York (2001) e o início da sociedade do controle, e logo assombrado com a possibilidade de uma depressão econômica com o estouro da bolha imobiliária (2008). Evoluiu para as manifestações de praça e suas Primaveras Árabes e continentais, para a meteórica expansão das tecnologias de comunicação, a inteligência artificial, analisados em uma onda de novos livros disruptivos. Na sombra de tanta inovação chegamos aos anos 2020 com suas pandemias e novas guerras. Foi acionado, mais uma vez, um breque vigoroso na liberdade. Mas vai passar.
Não temos mais novelas tão boas que nos prendam num sofá. Mas ainda temos alternativas. Carpe Diem. Aproveite o dia.
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