O DIA EM QUE NÃO VI KIRI TE KANAWA

17 DE JULHO DE 2025

 

Shurasteishuraigou. Tempos atrás escrevi uma crônica neste blog com este título. Em 2022 um acidente tirou a vida de Jesse Koz e seu golden Shurastei quando estavam chegando ao seu destino final, no Alasca. Saído de Camboriú, Jesse resolveu viver seu sonho: viajar até a outra ponta do continente, fazendo do Fusca 78 sua casa, e compartilhando pelo youtube as aventuras e paisagens dos muitos milhares de km que percorreu. Quase chegou. Quando escrevi, em 2024, senti-me motivada porque havia naquele setembro muitos sonhos que foram barrados com a censura ao X no Brasil. Sonhos dos encontros possíveis pela rede digital.

Hoje, mais uma vez, fui motivada pela história de Jesse e seu sonho compartilhado pelo seu canal de youtube, mas interrompido por um desastre. O motivo é a data, e um documentário da Netflix. Hoje se completam 18 anos da queda do voo 3054 da TAM em São Paulo, saído de Porto Alegre com 187 pessoas a bordo. Um gigantesco desastre. Nenhum sobrevivente, 199 mortos, 187 a bordo e 12 em solo. Sonhos incompletos, interrompidos. O avião em chamas era acompanhado ao vivo pelas TVs. A única parte visível era o rabo, com a marca TAM (foto abaixo).

Era o meu primeiro ano de governo. Estávamos celebrando uma das conquistas que permitiram finalmente chegarmos à condição de estado que paga suas contas em dia. O aumento de capital do Banrisul foi conquistado naquele julho. Era a primeira etapa do plano de conquistar o déficit zero. Naquela noite quando descia as escadas para sair de casa vi o motorista com olhos fixos na TV. Avisou: o avião saiu de Porto Alegre, governadora. Estava em Porto Alegre para sua apresentação, finalmente, Kiri Te Kanawa.  Para todos os que gostam de música, era uma noite especial. Bem, aquela foi a noite em que não fui ver Kiri. 

A consciência de que todos os que estavam naquele avião não viveriam mais seus sonhos foi brutal. O que nosso governo pode fazer naquela hora de perda fez. O Piratini esteve aberto para todos os que precisavam do que estava à nossa disposição e vontade fazer. naquela noite e nos meses seguintes. O que veio antes e depois daquele desastre está descrito no documentário em 3 episódios da Netflix Congonhas - A Tragédia Anunciada, lançado em 23 de abril. Primoroso. Verdadeiro. Minha homenagem a todos os que lutaram para que a verdade dos fatos pudesse ir sendo revelada. Desastres aconteceram e acontecerão certamente, e a busca da verdade será sempre uma luta permanente com a qual podemos, com as ferramentas de compartilhamento livre de que ainda dispomos, homenagear os que tiveram seus sonhos interrompidos.

 



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