O INESPERADO E O
MANIPULADO: O RETORNO À BELA E À FERA
09 de julho de 2025
Figura 1: pôr do sol Figura 2: ato público
Nada há de semelhante entre essas duas
fotos. Há sim um flagrante de opostos. Uma evoca a paz, a beleza, a dádiva da
natureza captada no instante pela fotógrafa. Outra evoca a guerra, a fealdade, o
conflito plantado contra a harmonia social. Na primeira, o instante da dança
das nuvens no céu do pôr-do-sol no Guaíba foi captado após momentos de convívio
em que a amizade foi a base da alegria de se estar junto. Na segunda, a foto
foi preparada lembrando a velha luta de classes, a dos “pobres contra ricos”, como
narrativa para justificar mais um aumento de impostos. A derrota do governo que
motivou esse teatro veio de um parlamento que o governo julgava submisso por
votos comprados com dinheiro público. O ato foi em território amigo onde os
índices de violência e homicídio tem batido todos os recordes.
Imagens valem mais que mil palavras e quanto
mais chocantes, mais vendem. Pulsão da morte, segundo Freud, contrapondo-se à
propensão à criação que em cada humano vive. Aqueles que tem como arma a
manipulação usam imagens trabalhadas nas redes sociais e na “imprensa amiga” para vencer eleições com narrativas que mexem com o rancor dos eleitores (ver Os Engenheiros do Caos). A prática dessa
manipulação vem com narrativas bem estudadas e com falsas informações jogadas
nas redes sociais, mexendo com emoções, tem esultado em aumento de vendas e muito mais, como a definição
do voto.
Há sempre os dois lados da moeda das
inovações. Desde a pólvora, por exemplo, se fabrica os explosivos usados em pedreiras para
retirar a matéria-prima na construção de estradas. Mas também pode ser usada como arma de guerra, que destroi vidas e construções como hospitais e ciddes inteiras. Do mesmo modo, a descoberta da fissão nuclear foi celebrada como fonte duradoura e barata de “energia limpa”. Mas foi a base da elaboração da arma atômica com capacidade para destruir mais do que qualquer outra, e é a ameaça para mais uma guerra que
pode levar ao fim da Humanidade.
Mas não vamos tão longe. O uso de algo
criado para ser usado em benefício coletivo mas é desviado para benefício próprio tem
sido feito desde sempre para fins menos nobres como roubar. Exemplo recentíssimo é o
golpe contra aposentados do INSS, com o roubo de informações privilegiadas e o uso da ferramenta digital. Outro, mais
recente ainda, é o roubo do dinheiro do seguro obrigatório contra perdas de
clientes do sistema financeiro, depositado em confiança no BACEN, transformado
em cripto moedas depositadas em contas dos ladrões com o uso de senhas de
agentes credenciados pelo mesmo BACEN.
Vamos a outro exemplo perverso, vindo do
aparelhamento das instituições criadas para organizar as sociedades em nome da justiça e do desenvolvimento. Leis elaboradas
pelos representantes eleitos são, muitas delas, voltadas para a definição de
políticas públicas para fazer valer direitos, punir crimes, e gerar mais justiça,
função que cabe a instituições acreditadas, como os tribunais. Hecha la ley, hecha la trampa, como diz
a expressão popular. Quando o sistema de justiça não funciona, ou funciona mal,
cria-se o seu contrário.
Pois
parece que estamos chegando a este limite. É
o que aponta a notícia de hoje, bombástica com certeza, sobre pesquisa do
Atlas/Intel/Bloomberg (VGNJUR, 08072025), divulgada ontem. A pesquisa aponta O
JUDICIÁRIO como a principal ameaça à democracia do país. Vale a pena ir até
ela. Para 42,8% dos entrevistados, é o Judiciário a principal ameaça à
democracia. Depois vem o Governo (38,8%), o Congresso (28,9%), a Elite (25%), a
Oposição (24,4%), o Crime Organizado (21,9%) e assim segue. É a percepção do
povo mostrando um descrédito total da função das instituições do nosso sistema
republicano.
Impressiona
e choca como alguns, ou muitos, não enxergando que o teto, o limite que pode
alcançar a manipulação das emoções em benefício de alguns, já furou. As
consequências que continuar nessa toada de hoje pode gerar é altamente
destrutiva. Por essa situação, somos todos responsáveis. Que se sintam como
tal, responsáveis, também os principais causadores dessa mudança, hoje tomados
por uma cegueira moral muito poderosa. Será essa tomada de consciência, como
deve ser, uma medida de cautela.
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