NO 4 DE MAIO, MAY THE 4TH BE WITH YOU

Maio 2025 (II)

May the 4th be with you. Que a Força esteja com você. O dia 4 de maio,  na sua sonoridade em inglês, pode ser entendido como "possa a força estar com você". O dia foi escolhido para celebrar a criação  da saga Guerra nas Estrelas, de George Lucas, na qual os personagens usam essa saudação ao se encontrarem. Recontando a eterna luta entre o Bem e o Mal, os filmes de George Lucas passam uma mensagem de esperança através dos jedis, sua formação e as lições de Yoda, o grande mestre (Figura 1).



A série de filmes da Guerra nas Estrelas, iniciada em 1977, marcou a geração de meus filhos, com o mocinho Luke Skywater (Figura 2) lutando para salvar a galáxia. Essa geração e a próxima assistiram também a saga de Harry Potter, bruxinho personagem central da série de 7 livros de J.K.Rowling, iniciada em 1997 e transformada mais tarde em uma série de filmes. Os mocinhos sofrem o tempo todo, aprendem o tempo todo, crescem e amam, escolhendo seguir na sua luta pelo Bem. A mesma luta, sempre: o bem contra o mal, os extremismos de direita e esquerda, eles contra nós. Dois lados de uma mesma moeda.

E assim caminha a humanidade. Alguns períodos da História são marcantes por seus movimentos intensos, carregados de esperança de "novos tempos". Disruptivos. A década  dos 20, conhecida como a década dos Anos Loucos do século XX,  foi um desses períodos. Seguiu-se aos horrores da I Grande Guerra (1914/18) - e seus milhões de mortos; e à gripe espanhola (1917/19) - e seus milhões de mortos. Terminadas a guerra e a pandemia, foi o que se viu: a volta ao carnaval de rua no Brasil, os Dancin'days do charleston, a explosão de novas artes, os encontros de Paris, a Semana da Arte em SP e a criação do "partidão" no Brasil em 1922, o voto feminino. Para além das festas, sucederam-se às descobertas de pioneiros como Darwin, Edison, Tesla, Marie Curie, Freud, Einsten, as novas descobertas das ciências da vida, da física, da astronomia, a produção em série das máquinas da Revolução Industrial, sociedades afluentes. Fechando a década, a quebra da Bolsa de Nova York em 1929 deu início à Grande Depressão mundial após anos de crescimento econômico acelerado na esteira da indústria

Movimentos políticos, como a Revolução Russa em 1917), lançavam sementes do "outro lado", alimentados pelo crescimento da pobreza e da desigualdade. Os "ismos" na Europa organizavam-se com toda a força: nazismo, fascismo, comunismo, sementes e adubo para "novas" guerras. Frente às ameaças que já iam cobrindo o sol da liberdade,  grandes fluxos de migração voltaram-se para a Terra Prometida: a América. Àquela década se seguiram (I) a Segunda Grande Guerra (1939/45), com seus milhões de mortos; (II) a divisão do mundo entre blocos (1945/1989), o de países democráticos, outro de ditaduras, e um terceiro, o Terceiro Mundo - o nosso; (III) a queda do Muro de Berlim em 1989, a reunificação da Europa e a emergência da China como potência, fechando o século e abrindo a porta do novo milênio com a renovação de esperanças de um mundo melhor.

Mas não foi bem assim. Uma grande guinada teve início com a derrubada das Torres Gêmeas de Nova York em 2001, que confrontou liberdade e segurança. Em 2008 o estouro da "bolha imobiliária" dos Estados Unidos afetando todo o mundo financeiro globalizado. Os governos haviam aprendido com a Grande Depressão de 1929, e transformaram uma possível depressão econômica numa crise financeira mundial. A partir daí uma sequência de eventos negativos foi marcando o milênio. como a volta de doenças como cólera e sarampo, e novas epidemias causadas por novos vírus (SARS, doenças como dengue, chikungunha, zica, transmitidas por mosquito); avoluma-se a crise migratória na Europa; conflitos e guerras eclodem no Oriente. No Brasil, denúncias de corrupção como o Mensalão vão se acumulando. Na década de 2010 multidões se reunem em praças convocadas pelas novas redes sociais derrubando ditaduras de décadas, começando pela Primavera Árabe. No Brasil cai o governo em meio ao retorno da inflação e do desemprego, somados aos escândalos de corrupção e à Operação Java-Jato.

Então eclodiu a pandemia de coronavírusa em 2020 - com seus milhões de mortos. Fecham-se fronteiras levando à ruptura da mobilidade física de pessoas e mercadorias. Voltaríamos ao normal? Nos seus movimentos, é grande a semelhança das duas décadas. Terminada a pandemia em 2022, multidões acorrem a eventos de música, extremismos. Corrupção e violência banalizadas. Com tudo o que já se aprendeu, será que podemos dizer onde vamos chegar?

Dos 4 bilhões de anos de existência da vida na Terra, existimos como Sapiens Sapiens há apenas 10 mil anos desde que, no fim da última Era Glacial, recebemos um tépido planeta que gerou as condições da vida que temos, com a maravilhosa diversidade de que é feita. Continuamos a avançar muito e muito rapidamente na ciência e na tecnologia. Mas o ritmo de desenvolvimento nessas áreas parece não considerar que um avanço infinito não é possível num planeta de recursos finitos. Temos usado esses recursos sem cuidar da sua eficiência, que é o retirar deles o mesmo que pudermos colocar em troca, ao que damos o nome de sustentabilidade. Crescer sem limites é insustentável.

O que nos dizem avanços recentes: o sequenciamento completo do genoma (2022), que identifica o DNA, e o lançamento do telescópio espacial James Webb, que vai andando pelo universo e enviando fotos tiradas hoje do que aconteceu há milhões e bilhões de anos atrás.  Onde fica o tempo? Mandou-nos há pouco imagens do nascimento de um buraco negro! Com isso, várias das teorias sobre o universo caem por terra. De sua parte, o sequenciamento completo do genoma tem permitido constatar que muitos dos 8 bilhões de serem humanos hoje vivos na Terra tem como ancestral ninguém menos do que Gengis Khan (1100/1200), que deixou centenas de filhos por onde andou na construção de seu império, multiplicando em DNA - portanto materialmente - o aprendizado acumulado. Mais uma vez, aquele tempo ainda anda em gente hoje.

Há quem não reconheça quem e o que veio antes, repetindo o  "nunca antes na história deste país" buscando valorizar feitos comuns. Por vaidade e ignorância, negam que o mundo começou muito antes deles. A concretude da ancestralidade presente em nós hoje está num simples exame de DNA.  O ChatGPT ou o Google nos trazem instantaneamente toda a história registrada sobre qualquer assunto, instantaneamente e com poucas palavras. Não tem como negar o que veio antes. 

Como desde o início da história, a espécie que cria é a mesma que destrói. Essa realidade contrastante entre o bom  o ruim, entre o bem e o mal, é novamente registrada por fatos da última semana de abril. Por um lado, nos feriados desta Páscoa no Rio Grande do Sul foram registrados 10 feminicídos, todos cometidos pelos ex-companheiros das vítimas, das mais diferente idades, nas mais diversas situações. Estoura e de modo avassalador o roubo praticado contra pensionistas e aposentados do INSS durante os últimos anos, dos quais todos os meses era retirada diretamente do contracheque dos mesmos uma certa "contribuição a associações de defesa dos aposentados e sindicatos da área" de quem o INSS deveria cuidar. 

Por outro lado, no mesmo período o Jaiminho (James Webb) nos trouxe fotos da existência de elementos, muito distantes de nós no Universo que ele percorre, que são a base para a criação/existência da vida, para além dessa maravilhosa vida que está na Terra. E no mesmo período, já entrando em maio, são também homenageados os milhares de voluntários que atuaram nas enchentes do ano passado, que tirou tantas vidas e mudou nosso estado.

Os que vieram antes tiveram a oportunidade de aprender e melhorar o mundo vencendo os problemas da sua época. Agora temos a nossa oportunidade. Muitos aprendem. Moldam-se os líderes.  Os desafios de cada época exigem escolhas e ação: o que podemos fazer para que a força de um não tente se sustentar pela destruição do seu lado oposto. Como duas faces da mesma moeda, ou é os dois ou é nenhum seguindo os movimentos do ciclo contínuo da vida.


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