PORTO ALEGRE: PESSOAS, CORES E LIVROS 

30 de novembro de 2024


Quando chega setembro, Porto Alegre se veste de lilás com as flores da estação - de muitas árvores do Centro Histórico e dos bairros. Quando chega novembro, as ruas e praças trocam de cor com suas árvores floridas: são o amarelo dos guapuruvús majestosos, e o vermelho dos flamboyants maravilhosos. Colorem a cidade e duram pouco - até o próximo temporal. Enquanto duram os lilazes, os amarelos e os vermelhos, vem junto com eles a temporada dos livros. A Feira do Livro, no Centro, e muitos lançamentos em cada canto por onde se respira cultura. Neste ano, parece, com mais vigor. Queremos nos encontrar de todas as maneiras, depois do enfrentamento das grandes enchentes, ainda não curados da pandemia do coronavírus, com tantas e tantas perdas. Um gigantesco voluntariado se formou de gente de todas as partes do Brasil e do mundo, dizendo presente no desafio de ajudar na emergência da catástrofe.

Pois nesta semana se encerra o mês de novembro, nos premiando com sessões de autógrafos em três lugares bem distintos, com três mensagens e locais tão distintos quanto: Museu Iberê Camargo, para o livro de Jorge Gerdau; Livraria Santos, para o do fotógrafo Natham Carvalho; e Boteco Cotiporã, para o de Luís Gustavo Machado.







Vivemos um ciclo político de extremismos e instabilidades. Podia ser melhor. O livro de Luís Gustavo Machado recupera uma das mais importantes propostas para tentar reduzir os prejuízos de uma política dominada por extremos que não organiza as sociedades para o seu melhor, que é o de uma convivência mais civilizada: o parlamentarismo. Parece tema antigo - só que não. No final dos anos 1980, com hiperinflaçao mundo afora, veio a queda do Muro de Berlim, dando fim à Guerra Fria e criando condições para o nascimento da União Europeia. Quando surgiu no Brasil desse período um partido que defendesse o sistema parlamentarista durante a Constituinte de 1988, somei à minha ação política à prática da política partidária, somando-me  a essa defesa. O livro de Gustavo traz minha entrevista, entre outras. É sucinto, quase de bolso. Da hora. Autógrafos em boteco da Cidade Baixa, onde ferve a cidade que vive dia e noite.

Vivemos também uma fase de agitação cultural vibrante, estimulada por esses anos 2020 complicados, com pandemia e enchentes. Quem pode coloca para fora essa ebulição pessoal na forma de arte. Arte brota no nosso estado ferido, e florido. Sensível que é, Natham Carvalho o faz com a arte da fotografia. A publicação PoArtraits é primorosa. Capa dura, papel especial, cuidado em cada uma de suas muitas páginas. Uma apresentação que é um libelo. Um cuidado de edição especial. Escolheu, como um poeta, o tema da contemporaneidade de Porto Alegre, através de retratos de suas pessoas. Tenho a emocionada alegria de ter sido escolhida uma delas, uma pessoa e seu reflexo a bordo do meu catamarã.  Da hora, também. Autógrafos na Livraria Santos, ali no pulsar dos Moinhos de Vento.

Vivemos mais recentemente o desafio enfrentado com alegria de recuperar a Orla do Guaíba, praticamente destruída pelas enchentes de maio de 2024. Muito antes, para todos os que queríamos mais perto o Guaíba em todas as suas melhores formas, olhando para ele, Jorge Gerdau promoveu a construção do Museu Iberê Camargo, na orla ali, quase no pontal. Pois no museu escolheu fazer a sessão de autógrafos de livro que é um registro dele, pessoa, o que ele sempre relutou em fazer, desde sempre plenamente ocupado com o coletivo, com a ação de transformar, de melhorar essa mesma sociedade, nessa cidade que ele nunca deixou. Voava pelo mundo, e sempre voltando para seu chão, reafirmando sempre que seu porto alegre e seguro é aqui.  Pois agora nos premia com esse registro pessoal, quase um guia, convidando a outros para que também o façam. Em boa hora.

Vai chegando dezembro com as cores do verão. Tomara que com mais e mais livros, com esse tom, essa qualidade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PORTUGUÊS É (SIM) UMA LÍNGUA DIFÍCIL