O FIO DE ARIADNE, PARA ALÉM DO ARCO ÍRIS
23novembro2024
Para os leitores, o alerta: esta é uma longa crônica, para fechar 2024.
Em 2022 acordei com aquela dança de imagens que os sonhos trazem no despertar. Inspirou-me. A expressão O Fio de Ariadne, junto com figuras do filme O Mágico de Oz, da Dorothy e seus sapatinhos vermelhos, foram parte daquelas coloridas imagens em rápido movimento. Levei lgumas delas para o tapete (Figura 1, o rascunho 2022, e Figura 2, o definitivo 2023) bordado no ano. Numa metade registrei a figura de outro palácio, o do Piratini, que ocupei como governadora. Somei com a charge do Marco Aurélio na ZH do dia seguinte ao da vitória na eleição de 2006, com a sandália de salto vermelha indicando uma mulher no Piratini. A primeira. O arco-íris da Dorothy, e sua Over the Rainbow. encimam a peça. Quando se acorda, se encontram a magia das lendas e dos sonhos, em algum lugar no fim do arco-íris, com a realidade de mais dia. A magia, na verdade, não está no arco-íris. Ela persiste em nós.
O Fio de Ariadne não é só o título da crônica do ponto-a-ponto de um tapete. É um mito. É "assim chamado devido à lenda de Ariadne, para descrever a resolução de um problema em que se podem usar diversas maneiras (como exemplo: um labirinto físico, um quebra-cabeça de lógica ou um dilema ético), através de uma aplicação exaustiva da lógica por todos os meios disponíveis (Wikipedia)". Também é "constantemente visto como a imagem com a qual se tece a teia que guia o Homem na sua jornada interior, e o ajuda a se desenredar do caminho labiríntico que percorre em sua busca do autoconhecimento (Ana Lúcia Santana, Infoescola)".
Há um símbolo evocando a paz, que uso em gargantilha comprada na Turquia em 2013, feito das 3 maiores religiões juntas (Figura 4). Religiões são usadas frequentemente como motivo de guerra. Os símbolos dessas religiões estão na lateral da biblioteca do tapete. Representei nele também uma esperança, que vem na primeira estrofe da música de Élcio Soares e Nelson Cavaquinho, Juízo Final, O sol há de brilhar mais uma vez. Artes, música, livros, religião, são o tema do tapete do ano de 2024.
Figura 2-Porto Alegre 250 (2023)
Figura 3 - Música, Livros, Religião XXI (2024)
Figura 4 – As 3 Religiões
Depois vieram as inovadoras prévias do partido em 2021, via plataforma, para escolher um candidato a presidente – que acabamos não tendo. Ah, vaidades... E em 2022 encarei mais uma vez a responsabilidade de capacitar milhares de candidatas para as eleições gerais usando a plataforma PSDB Brasileiras/PSDB Mulher. O desafio foi enfrentado com excelentes resultados.
Enfim pude "dar por encerrada a sessão", como se diz no Congresso Nacional, onde exerci honrosos 4 mandatos, graças ao voto popular. E entreguei a presidência do PSDB Mulher, depois de 6 anos de imensos desafios, com grandes e inovadores resultados.
Pandemia terminada, vírus incorporado na prevenção pelas vacinas, retorna-se à política que se faz sem o forçado isolamento. Incorporamos contudo, outros métodos. O mundo digital é o meio principal. É certo que afasta do presencial, permite pesadas fraudes, manipulações, enganações - mas é a realidade do milênio, que nasceu nas "open" como um poderoso sopro de liberdade individual, e foi fundamental para derrubar muitas ditaduras na "primavera árabe" dos anos 2010. Somam-se a estes os estragos que o vírus causa aos gigantescos estragos das enchentes. Para o que causa essa sequência de eventos extremos a vacina tem que ser contra outro vírus, o cultural e político: o cuidado com nossa Terra e sua gente. Ainda não descobriram essa vacina.
Para além das questões climáticas e sanitárias, pesadas sombras de guerra chegam à Europa novamente, desde quando Putin invadiu o país em fevereiro de 2022. Avolumaram-se desde os atos terroristas do Hamas em Israel em outubro de 2023. Há uma interrogação quanto o que fará Trump. O cenário internacional confirma: entra novamente o mundo num labirinto do qual não se sabe como sair. O mito de Ariadne não serve. As religiões são usadas como escudo para a violência. Dizem na Prússia: felicidade é o intervalo entre a útima e a próxima crise.
Pois tristeza não tem fim, felicidade sim. Viva Tom Jobim. A Era Democrática e Tecnológica que vivenciamos na década dos 1990 teve uma profícua e iluminada vida só durante aqueles anos. Acordamos no novo milênio com a realidade do terrorismo, dos extremismos, e velhos "ismos" renascendo como os walking deads. É como na música de Tom: dura menos do que as eras dos extremos. Que voltaram. O que fazer? Para responder, temos que entrar no labirinto da política atual.
A
magia que Dorothy buscou com seu sonho encontrar no Palácio de Esmeralda do
Mágico de Oz (filme de 1939). Essa magia não nos ajuda na resposta, que certamente não está em palácios
ou gabinetes do poder. Ela está em nós. Em todas as formas de arte. Na
coragem para fazer. Na crença de que é possível.
As
folhinhas do calendário vão continuar a virar, e 2025 se aproxima. Que seja um
Feliz Ano Novo!
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