A PRAÇA, A
TORRE, E A DEMOCRACIA (I)
20242609 -
Porto Alegre (com temporal)
Saúdo a
publicação de mais um livro de Augusto de Franco, Como as Democracias Nascem. Trata de democracia e sua relação umbilical com as redes, temas sobre os quais
é especialista (Figura 1). Logo no início deste
século/milênio, foi através do chamamento pelas redes sociais que multidões
acorreram às praças e derrubaram ditaduras. Estive em alguns desses eventos em
praças quando cobria as eleições na Europa, como observadora do PSDB, na década de 2010.
Em 2011, no dia 15 de maio , cheguei na Praça do Sol de Madri. O taxista deixou-me longe, rolando a malinha, porque tudo estava mudado no trânsito. Um movimento totalmente inusitado tomava conta da praça central, e foi chamado de M15 pela data em que jovens tomaram a praça por barracas, em plena campanha eleitoral. Toda a imprensa, muitas faixas, organização, sem outro tumulto que não o de ter mudado o centro da capital da Espanha, e muitas rodas de conversa, palestras ao ar lvre, regras. Tudo em campo aberto.
O movimento foi se reproduzindo por muitas praças da Espanha naquele maio, mês das eleições parlamentares, organizado por jovens, chamados através das redes sociais como Face Book. Foram ocupando, tomando sem que se conhecesse nada parecido, pacífico. Como rastrilho, sendo noticiado pelas redes de comunicação de todo o mundo, outras praças foram sendo tomadas, resultando em mudanças políticas radicais em muitos países da África, Europa, Américas, Ásia. A comunicação em rede mostrou toda a sua potência em influenciar as sociedades e promover radicais mudanças políticas.
Agora é 2024. Acordei nesta madrugada com mais um temporal que sacode Porto Alegre, com a imagem na cabeça da capa de outro livro: A Praça e a Torre, de Naill Ferguson, especialista como Augusto em redes e política (Figura 2). A imagem fluía entre outras, naquela dança frenética com que o cérebro nos brinda no início de cada despertar. Aprendi a logo levantar para registrar impressões que, trazidas pelas notícias do dia, fossem se ligando a memórias estimuladas muitas vezes pela frenética dança dos sonhos, como conta Sidarta Ribeiro no seu O Oráculo da Noite (Figura 3). Entre as imagens estava também a do palco de Marcelo Gleiser (O Despertar do Universo Consciente) na Rio Innovation Week (RIW) deste agosto, onde esteve também Sidarta. Corri a registrar neste blog, que reativei desde a censura do X. Permanece a censura - e estamos em plena campanha eleitoral municipal.
Com liberdade se planta o futuro. Se na década dos 2010 foram as manifestações da praça derrubando ditaduras, nos anos 2020 são os summits, as weeks, chamando pequenas multidões para quem a inovação interessa, também o faz. Em vários palcos simultâneos palestram alguns, na plateia ouvem e interagem outros, criando o ambiente do futuro através da interação entre empresas, grupos financeiros, cientistas, técnicos, curiosos, universidades, jovens e velhos, estudantes todos, governos, artistas, imprensa, enfim, tudo o que move o mundo e contrata o futuro.
Todos com celular na mão. Totens carregadores são fundamentais no espaço dos summits, e não apenas para fotos e vídeos, e sim para participar de um mundo que, disponível graças aos data centers da vida, cabe na palma da mão. Informação instantânea, autoria livre. Assim se move hoje a humanidade. Em todos os debates o binômio Inteligência Artificial e Sustentabilidade prevalece. É nesse binômio que se assenta o principal interesse para todos que, respeitando o passado, e com ele aprendendo, encaram o futuro jogando as sementes do que há de mais moderno no mundo de hoje.
Pois nesse mundo digital s criação vem também pela publicação de livros, se expandindo muito. Para alguns que achavam que livros são coisa do passado, se expandem de modo surpreendente. Mas não para quem sabe que a publicação de livros é um indicador antecedente de que futuro estamos plantando. Indicador de que futuro? Segue no fio (II).
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